Qualquerdiamalescrito’s Blog

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Buenos Aires querido….

Eu estive em um lugar especial…
Um tempo curto, com tantas descobertas, difícil dizer o melhor momento. Lembrarei para sempre quando olhei pela janela do avião a Foz do Prata, uma das chaves da América do sul, como disse certa vez um jesuíta no século XVII, bem abaixo de mim. A primeira vontade de chorar. Lembrei de um pedaço de uma música do Miltom Nascimento: “Descobri que as coisas mudam e que tudo é pequeno”.
E como tudo foi marcantel! Cada alfajor nos kioscos, cada taxi, o passeio no Subte, as caminhadas na Avenida de Mayo, as pesquisas na Biblioteca Nacional… e conhecer La Boca, onde Don Diego começou a encantar o mundo e se tornou não um mero rei, mas o deus do Futebol…
Fiquei embriagado, e não foi com o bom vinho de lá. A cidade me embriagou. Os vendedores ambulantes, a altivez dos transeuntes… Sem contar a grandiosidade de cada edifício. Fiquei alucinado a cada momento, sob o sol da capital Argentina, e na noite, tão linda, com os bons jantares, a maioria deles desfrutados junto com grandes amigos, ótima companhia que tive o prazer de ter numa viagem desse porte.
Cada recado que me foi dado pelos muros, eu ouvi. Reclamações da dívida externa, da suposta “Argenzuela” que a presidenta gostaria de fundar, ou o “Cambio Social” que precisa ocorrer ou as acusações de genocídio ao Presidente Roca, que comandou o massacre aos mapuches em seu governo no século XIX, anotei cada um deles na minha mente. As pichações que mostram o desespero e a dignidade do povo, não atos sujos de vandalismo, como os que vejo por aqui…
Ouvi os ecos da Independência de 1810, e me curvei discretamente ante o túmulo de Jose de San Martin. Podem me condenar, eu esqueci todas as construções ideológicas, e por alguns segundos não me importei com o conservadorismo do catolicismo argentino que tanto critico e me deixei envolver pela Catedral, ali, abaixo de suas colunas.
Não posso deixar de citá-los, os Jesuitas! Obviamente eles estiveram lá também, deixaram uma marca, entre tantas, que me encantou, um complexo arquitetonico, ali perto de mim, tive que vê-lo mais de uma fez, e foi meu último passeio antes da volta.
Eu sinceramente me sinto enriquecido por ter ido a Buenos Aires. Ali entendi o porquê de Eduardo Galeano escrever “Veias abertas da América Latina”. (tudo bem, sei que o livro é datado, tem defeitos, etc, mas ele NÃO é um livro para acadêmicos, ok?). Um dos meus amigos, Fabrício, fez um comentário pertinente nas nossas primeiras horas portenhas, e talvez ele estivesse pensando nesse livro: “Eu ainda me sinto em São Paulo”. Na mosca! Resumiu o que senti, e o que Galeano passava naquele livro: temos muito em comum. Problemas e soluções. Sim, somos irmãos, de dor, problemas e de constantes espoliações,
E eu não quero saber do Galvão Bueno e aquele papo de não gostar de argentino. E que se dane os repórteres sujos da TV ou certos políticos que não querem a união da América Latina. Somos irmãos, e é evidente que o que nos separa são bobagens.
Sim,  eu sei, a Argentina passou e passa por diversos problemas. Mas daqui, de São Paulo, cidade que eu percebi que eles muito respeitam (sim, eles nos respeitam), torço por eles, e espero vê-los bem, como agora, no enfrentamento de  mais uma contenda diplomática com a Inglaterra, e que o Brasil seja um companheiro nesse momento dificil. Somos irmãos…
Para acabar, o link de uma música de Fito Paez que ouvi tanto na ida como na volta no avião, e sem dúvida foi uma espécie de trilha sonora da viagem. Foi uma ótima surpresa descobrir a versão em português, com a companhia de Caetano Veloso, com esse vídeo que entrelaça os países…

fevereiro 26, 2010 Posted by | Uncategorized | 5 Comentários